domingo, 1 de novembro de 2009

Cinema na África - Bem-vindo a Nollywood




Como a Nigéria criou a maior indústria de cinema do mundo em produção de filmes para retratar a vida na África.

É provável que você nunca tenha ouvido falar na atriz que ilustra esta página. Mas ela é uma estrela, acredite. Com mais de 100 filmes no currículo, Genevieve Nnaji, 30 anos, faz parte do grupo das atrizes mais aclamadas de Nollywood, a indústria de filmes da Nigéria. De seus estúdios saem 45 filmes por semana – três vezes a produção de Hollywood, a indústria de cinema americana que originou o trocadilho do nome. Isso faz da Nigéria a maior produtora de filmes do mundo, à frente também de Bollywood, a indústria indiana.

O sucesso de Nollywood chama a atenção antes de tudo pelo contraste. A região africana é cenário de pobreza extrema. Uma criança nigeriana nasce com poucas chances de viver além dos 46 anos, e metade da população ganha menos de US$ 1 por dia. Mesmo assim, cerca de 90% das pessoas dizem assistir a pelo menos um filme por semana. Isso é possível por causa do formato peculiar com que as obras são distribuídas. Esqueça poltronas e ar-condicionado. As salas de cinema na Nigéria são um espaço com 20 cadeiras, um grande aparelho de TV e um DVD. Os filmes são exibidos em troca de alguns centavos ou vendidos em camelôs. Resultado: um negócio de US$ 540 milhões. Na Nigéria existe uma sala simples de cinema para cada grupo de 750 habitantes. No Brasil, há uma para cada 90 mil habitantes.

Além da distribuição, há diferenças também na produção dos filmes. Eles costumam ser feitos com orçamento que não ultrapassa os U$ 40 mil, e a toque de caixa. Com dinheiro contado, é preciso usar pelo menor tempo possível equipamentos alugados e locações. Os roteiros são filmados com câmeras digitais e as histórias invariavelmente retratam tradições, feitiçaria e corrupção. “Eles fazem sucesso porque tratam de temas que têm a ver com a realidade da população”, disse a Época NEGÓCIOS o italiano Franco Sacchi, diretor de um documentário sobre a indústria cinematográfica nigeriana. O resultado não é uma obra-prima da sétima arte. Mas o suficiente para alçar Genevieve e outras atrizes à categoria de superstars – e Angelina Jolie, à de solene desconhecida.


(Notícia de autoria de Marcos Todeschini publicada em 03/10/2009 no Site Época Negócios da Globo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário